domingo, 11 de outubro de 2009

This is graduation!

Galera, para mudar um pouco os buenos aires da nossa conversa olímpica, eu poderia retomar um post do Charles sobre o sacrimônio do matrilégio. Mas vou aproveitar a deixa da Andressa na pergunta que ela fez em resposta ao discurso que elaborei na minha formatura. Como muitos de vocês não foram, transcrevo o discurso dos oradores de formatura da Engenharia de Produção. É uma alegoria sobre a minha falta de assunto!

A foto é do "Kanye West - Good Morning", que é chata. Então deixarei a deixa da nova dele.

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Eu: Formandos, ta tudo nos trinques? Podemos engatar e descer na banguela? Senhoras e senhores, boa noite. Antes de agradecer a presença de todos, gostaria de pedir que apertem os cintos. Sabemos que a cerimônia de colação de grau é o segundo evento mais chato já concebido pelo homem, só perdendo para as colações de grau do ensino médio. Que são basicamente iguais, só que com aquele ar muito mais insuportável de garotos recém-saídos da puberdade.
A MC: Pessoal, chegou o momento tão esperado de discurso dos oradores. Agora, faremos de tudo para comovê-los. Cada um de vocês recebeu um vidrinho de pimenta para passar nos olhos. O momento é agora....
Eu: Eu já adianto que esse texto vai ser confuso, chato, longo e que no final, vocês vão reagir. Usaremos palavras descabidas e pomposas como “Engenharia” “Produção” e “Antiquadra”. Demoraremos tanto que no final vocês começarão a se perguntar se vale a pena dormir no Fundão e voltar amanhã para o continente. Certamente causaremos uma reação de indignação e de raiva. Se no final das contas, vocês, de tanta raiva, saírem chorando então saberemos que nós dois fizemos um bom trabalho. E um trabalho que não dá cadeia.... Espero. O amor é lindo, mas quero minha parte em dinheiro (não-falsificado, se possível). Tô brincando heim gente... Eu mesmo já prometi a mim mesmo que vou chorar no decorrer dessa noite, podem esperar.
A MC: Galera formanda, vocês já se tocaram no drama? Vocês já se tocaram que a partir de agora quando as pessoas perguntarem "Poxa, quem é aquela menina bonitinha lá do Financeiro?" vamos ser vítimas do enquadramento social automático que miniminiza todas as dimensões de uma pessoa para dar a resposta "Ah, a “bonitinnha”? Ela é engenheira de produção". O que conquistamos aqui passará a nos definir para a sociedade. Somos só engenheiros, o resto é conversa.... Triste né?
Eu: “SÓ” engenheiros? Eu não poderia ligar meeeeenos! ENGENHEIROS DE PRODUÇÃO DA UFRJ!!! UHUUUUUUUL!!! A melhor universidade da melhor Engenharia do país! E isso pelas contas do ENADE. Graças a Deus, a modéstia é nossa maior qualidade rumo à dominação mundial! América do Sul, baby, são 4 territórios e 2 exércitos por rodada!
A MC: Mas esse ar de arrogância estupidamente charmosa não é para menos: são poucos os que saem com um diploma debaixo do braço aí que podem falar com total segurança sobre Engenharia do Meio-Ambiente, Resistência dos Materiais, Sociologia Industrial, Engenharia do Entretenimento, ou...
Eu: Mas, reconheçamos sim: algo transborda de nossos semblantes aparente às vistas de quem se presta a ver, e é só puxarmos de memória: o quanto mudamos nessa caminhada. Se antes éramos meninhos inocentes e delicados criados a muito leite com pêra e muito gummy, hoje somos jovens devassados criados a muito leite com pêra e muito uísque. A faculdade foi uma escola dessas que só o dinheiro dos contribuintes paga e não cobra.

A MC: Goethe já falava: “Muitos são orgulhosos por causa daquilo que sabem; face ao que não sabem, são arrogantes”
Eu: E Stan Lee retrucava: “Com grandes poderes, vêm grandes responsabilidades”.
A MC: Quem avisa, amigo é.
Eu: E aquela ilustríssima filósofa brasileira concluía irretocavelmente: Tudo que eu quiser o cara lá de cima vai me dar. Me dar toda coragem que eu puder. Basta acreditar.
A MC: Juntos com você, nós somos invencíveis pode crer. Todos somos um e juntos não existe mal algum.
Eu: ...Lua de cristal

A MC: Isso tudo é nossa forma de resumir: o peso em nossas costas agora é gigantesco. Quando vierem perguntar porque aquela ponte caiu?
Eu: Vão acusar o Engenheiro Civil
A MC: E quando a economia do país estiver em recessão?
Eu: Vão entrevistar um economista
A MC: E quando uma empresa falir?
Eu: A culpa é dos administradores.
A MC: Então não existe responsabilidade que recaia sobre nós e estaremos ali na meiuca do posto de gasolina comandando geral?
Eu: É!
A MC: E tantos pensando na carreira política?
Eu: É!
A MC: Mas que magaviiiiilha!

Eu: Mas minha cara, isso tudo assim? Fácil desse jeito?
A MC: Bem, o mundo é injusto e cruel, e nós fomos vítimas: Foram muitas festas, muitas risadas, alguns choros, muitos grupos de estudo na biblioteca, nas casas e no gmail.... Foram muitas capotadas e algumas outras capotagens também... Choppadas incríveis e inesquecíveis. Foram muitos abraços, alguns chamegos e muita amizade... Foram algumas confusões, em frente ao F, das quais o Guilhermão vai sentir uma irremediável falta.
Eu: Pô, falando assim não dá a real dimensão das coisas... Onde entram todas as horas de sono perdidas estudando para repetirmos de novo em Física III? Todos os trabalhos de cartolina, recorte (do livro) e colagem, que viramos noites para conseguir entregar? A tensão pré-notas de PCP II, quando suamos até os 45 do segundo tempo para sabermos se poderíamos nos formar?
A MC: Bem, o que tiramos disso tudo?
Eu: Muitas coisas! Aprendemos, por exemplo, que tempo é dinheiro. Persistimos e mais outras tantas horas gastas nas nossas incursões gastronômicas pelo Fundão (graaaaande Burguesão) ou fazendo churrascos despreocupados no meio da semana, terça, quarta-feira e sexta de novo... Porque não? Topo topo... Porque não? E não era qualquer churrasco não: por puro sadismo nos víamos obrigados a nos despencar a diversos municípios e unidades da federação anexos. E nesse momento, forças maiores nos impedem de prestarmos as devidas homenagens a Jacarepaguá e “àquele lugar do outro lado da poça cujo nome não mencionamos”. E o que dizer das táticas de guerrilha vendendo Nova Skin na porta da Baronetti até acabar o estoque ou a data de validade? Aquilo sim é um tempo bom que não volta nunca mais! Nunca mais rolar na grama.... Será? Nunca mais?
A MC: Se antes éramos crianças com aspirações, hoje somos adultos com perspectivas. E digo com absoluta complacência de meus colegas, que não poderia haver forma melhor para tudo ter acontecido.
Eu: E essa é uma daquelas mentiras que só poderia ser dita neste momento.

A MC: Dizem que conselho não se pede. Mas já que fomos escolhidos como Mestres de Cerimônias, acreditamos ter o direito de dar alguns
Eu: USEM FILTRO SOLAR!
A MC: A hora agora é de trabalhar. Olhar para trás com orgulho sim, mas saber que é preciso suar para conquistar o que queremos. Mas que com certeza, se chegamos até aqui, teremos essa constelação de amizades para nos acompanhar por toda a vida.
Eu: Cito Rocky Balboa para chamar a atenção de vocês, colegas, para algo que vocês já sabem: o mundo não é feito de dias ensolarados e arco-íris. É um lugar sórdido e não importa o quão duro nós somos, o mundo vai nos golpear e nos pôr de joelhos e nos manter assim se permitirmos. Nenhum de nós aqui presente irá golpear mais duramente do que a vida. Mas não se trata do quão duro ela irá nos acertar. Se trata do quanto cada um de nós pode agüentar e ainda assim continuar de pé para o próximo round.
A MC: Já dizia Guanaes: Colabore com seu biógrafo. Faça, erre, tente, falhe, lute. Mas, por favor, não jogue fora, se acomodando, a extraordinária oportunidade de ter vivido. Fomos criados para construir pirâmides e versos, descobrir continentes e mundos, e caminhar, sempre, com um saco de interrogações numa mão e uma caixa de possibilidades na outra.
Eu: O tempo, que é mesmo o senhor da razão, vai sagrar o resultado de nossos esforços, e só o trabalho te leva a conhecer pessoas e mundos que os acomodados não conhecerão. E isso se chama sucesso. Sucesso não é medido pela quantidade de dinheiro que acumularemos em nossas vidas, nem quantas mulheres conquistaremos, ou mesmo o número de artigos que escreveremos.
A MC: Sucesso é medido pela quantidade de pessoas que olham para nós e medem a si próprias pelo nosso caráter e pelas nossas conquistas. Que essa seja uma destas conquistas.

2 comentários:

  1. caraca. Q bonitao !
    Gostei tnt, melhor relacao humor/seriedade visto num discurso de colacao de pagina, digo, grau que eu ja vi !!! GOZEI

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  2. Po Guigão, confesso que não li tudo...porque EU FUI na colação, seus panacas!!!

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